Casa de Camilo

Camilo Castelo Branco

Camilo Castelo Branco
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Seide Saúda-vos!

19 de novembro de 2009

José Régio escreve sobre Camilo



«O romance de Camilo participa do folhetim, participa do panfleto, participa da crónica, participa do comentário, divagação ou confissão pessoal, participa, como já foi dito, do que geralmente chamamos novela, e até do que, num sentido técnico fixado, geralmente chamamos romance. É, pois, irregular e compósito -, no que em certa medida se avizinha do romance moderno. Visivelmente, a personalidade e os humores de Camilo dominam o seu romance: impõem-lhe uma técnica desigual, volúvel, diversa, caprichosa, livre (ou licenciosa) como essa mesma personalidade, esses mesmos humores. Neste sentido é Camilo um mestre que pode servir como exemplo, (até como representante de certo pendor português para a improvisação e a confusão) mas não pode conquistar discípulos aos quais ofereça regras que não tem ele próprio. Só a sua personalidade poderosa e desconcertante comanda a técnica do seu romance, - em virtude do que tem aqui a expressão técnica um sentido que muitas vezes se lhe há-de reconhecer em arte, qual é o de modo pessoal de realização. Estudar, pois, o seu romance é em larga medida relacioná-lo com a personalidade que tão violentamente o condiciona; - ainda que a não perscrutemos, essa personalidade, senão através dos aspectos ou dados fornecidos pela própria obra. Bom exemplo nos é (ou seria) essa obra de como é possível tudo ignorar, historicamente, dum autor, ou esquecer a sua biografia, sem renunciar a uma relacionação do conteúdo psíquico da criação com uma hipotética psicologia do criador. Se nada soubéssemos de Camilo, de Dostoievski, de Chateaubriand, etc, - pelas suas simples obras já muito saberíamos deles; até das respectivas idiossincracias. Nessa relacionação nos podemos fundamentar para o estudo de vários pontos capitais duma criação artística. Do seu estilo, por exemplo, - o que viria ao encontro da conhecida sentença: «o estilo é o homem».» -------------------------------------- «O comediógrafo, o versejador, o historiador, o cronista, o apreciador literário, esfumam-se, em Camilo, perante o romancista e o novelista. Não quer isto dizer que sejam sem interesse, e devam ser esquecidos, ou passados de relance, num estudo completo da sua obra. Porém o polemista mantém-se resistente; e a razão é simples: Na polémica exercita Camilo, sem as baixar de grau, algumas das forças que caracterizam o seu romance, e a que só agora nos podemos referir com relativo vagar. Falamos do seu sarcasmo; do seu dom de fazer ver ridículo e grotesco; do seu poder de troça, caricatura, paródia; da sua extraordinária fantasia cómica.
Efectivamente, desde sempre mais ou menos se reconheceu a Camilo o talento de fazer rir a par do de comover. Nenhuma contradição fundamental entre as duas faculdades, pois ambas as duas nascem directamente da extraordinária sensibilidade do artista. Se atendermos a que, tanto pelo seu mesmo excesso como pelos seus motivos ou objectos de vibração, poderá tal sensibilidade ser tida por doentia, (qualificação aliás insignificativa do ponto de vista estético) melhor compreenderemos como oscilará entre o patético e o burlesco, a elegia e a paródia, o trágico e o cómico. Sabe-se como galgam certos nevropatas da melancolia depressiva à alegria estridente; melhor, do abatimento profundo à excitação extrema. Não são estas duas atitudes verdadeiramente contraditórias, senão que as duas faces da mesma afecção. Sem, de modo algum, querermos reduzir uma coisa à outra, ( o que nos não impede de entrevermos relações entre elas ) pensamos que não será muito difícil achar entre vários dos maiores artistas da humanidade exemplos duma simultânea e idêntica tendência para a tragédia e para a farsa. O caso é que tanto a tragédia como a farsa - são caricaturais: São, ousarei dizê-lo, exercícios do grotesco no íntimo sentido deste adjectivo, por isso mesmo que tanto uma como outra isolam certos elementos e os elevam à tensão máxima. Que uma procura excitar o terror e a piedade, e a outra a hilaridade e o escárnio, não desmente que tanto uma como outra assentem, como se está percebendo, na abstracção: Ambas abstraem da real complexidade da vida, - que, essa, pertence ao drama - voltando costas à outra face que não a própria. Ambas são, pois, de profunda raiz poética, até lírica, num sentido que transcende a vulgar distinção entre lírico e dramático, e mesmo por essa abstracção comandada pela necessidade de expressão individual.
Poderão estas breves observações ajudar-nos a compreender que haja sido Camilo quase tão grande poeta cómico (e alguns dos seus admiradores eliminarão o quase) como trágico; e tão espontâneo e original numa e outra das duas máscaras, que na mesma página é capaz de fazer rir ou chorar. Decerto não haverá muitos exemplos, em toda a literatura mundial, duma tão espantosa naturalidade na passagem do choro ao riso, ou vice-versa. É isto nele um pendor que às vezes, de princípio, nos pode chocar, e a que nos habituamos na convivência com a sua obra.»
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«Se um crítico estrangeiro quiser conhecer um romancista lidimamente português abdicando (o que parece difícil) de procurar nas obras de ficção portuguesa não o que é originalmente nacional, mas o que antes reflecte gostos da sua própria nacionalidade dele, crítico, - terá de ler, estudar, procurar compreender Camilo. Já dissemos parecer difícil. Pensemos, por exemplo, no esforço de adaptação que deveria fazer um francês de hoje triturado de intelectualismo, batido na literatura experiencial e enigmática, terrivelmente prevenido contra quaisquer formas mais ou menos simples, ou naturais, de sentimentalidade, convicto de haver varrido o preconceito com os seus novos preconceitos - para aceitar e entender Camilo. Decerto será muito mais fácil triunfar o Eça, com a sua civilização e o seu cosmopolitismo, em traduções estrangeiras. (Não se conclua que estamos pretendendo rebaixar o Eça, que é outro dos nossos maiores artistas literários). Se até, como já frisámos, pouco susceptíveis são certos críticos nacionais, ou historiadores da nossa literatura, de ultrapassarem uma estreita visão de Camilo, admissível é um muito maior choque num crítico estrangeiro: e ainda maior dificuldade em ver através das falhas, das debilidades, das irregularidades, o perenemente vivo e admirável. Tanto pior para quem o não consiga, que perde o convívio dum escritor de génio. Os escritores de génio como Camilo hão-de ser integralmente aceites - e sem que isto implique cegueira crítica a seu respeito. Sempre, com o tempo, o vêm a ser, se não integralmente, em maior ou menor grau.»
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José Régio, de, " Camilo, romancista português ", in Ensaios de Interpretação Crítica, Portugália Editora, 1964


POSTADO POR EDUARDO ALEIXO
http://ealeixo.blogspot.com/




12 de novembro de 2009

Camilo visto por Aquilino Ribeiro




" ..............Uma vez em Seide, foi o protagonista de três ou quatro grandes acontecimentos que interessa memorar: o primeiro, o seu improbo trabalho, o qual, graças à estabilidade de vinte e tal anos, frutificou na obra mais vasta que jamais escritor português construiu ou construirá. Vastidão com beleza; vastidão perdurável em despeito das pechas de escola, das deficiências de formação, do próprio meio tacanho e rebarbativo à finura mental. Certos livros seus merecem colocá-lo, apesar de todos os senões, na galeria dos grandes mestres universais. O segundo acontecimento foi o seu martírio físico e familiar, tabético, eczemático, cego, com a monstruosidade da sua degenerescência à banda, calda túrbida em que temperou a pena para o azedume e o sarcasmo. A via sacra que trilhou não podia estar mais escalavrada.
Terceiro acontecimento de truz foi a sua nobilitação. Sonhava com ela desde que era gente. Ah, não ser fidalgo! Não possuir quartéis heráldicos!
E fabulou uma árvore genealógica, ganhando ao seu plano tais e tais linhagistas benévolos ou sempre prontos a estas inocentes tranquibérnias, intrujando-se a si próprio e aos seus. Que descendesse de Fruela ou de Barrabrás, expirou visconde, feito pelo ungido do Senhor, el-rei, D. Luís I. Com a nobilitação veio a realeza. Curta realeza. Todavia os ministros, no limite acanhado do Terreiro do Paço, moviam-se a uma vontade sua.
A história deste brasonamento daria lugar a um romance colorido e variado de sardonismo, para emparelhar com o Eusébio Macário, até agora único. Tinha forjado um slogan de trapaça: era por causa dos filhos que mendigava o título, não por vaidade.
Outro sucesso notável foi o seu matrimónio. Tinha de ser depois do aburguesamento.Devia-o ao rei, a Tomás Ribeiro, às cinzas de Alves Martins. Com ele não se fala em obrigação moral e justa recompensa dos sacrifícios de Ana Plácido. Desde esse dia foi mais circunspecto em matéria política. Nunca passou aliás de corifeu efémero dum partido, tão oscilante em doutrina social como em matéria religiosa. Todavia, se se pesasse em balança o que disse a favor da ideia de Deus e da Igreja e o que disse em contra, os pratos não demorariam um só instante em equilíbrio. O Diabo e o Anticristo levavam superabundantemente a melhor.
Afinal, o dístico que veio a aplicar-se a Camilo, génio da desgraça,assenta-lhe como uma luva. Com efeito, uma das facetas que mais brilham na sua obra de romancista é a da infelicidade humana sob forma de canceração. Dir-se-ia que as suas personagens, quando tocadas pela luz do mau sestro, se levantam esclarecidas por uma estranha luz de Sinai, tão dolorosas que nem esculpidas em carne. Já os seus felizardos da sorte são tíbios e moles. Para serem grandes é necessário que sejam burlescos. O bordão do seu sestro é trágico. Tal dom não é casualidade, mas regra. Sempre as figuras inditosas do seu teatro revestem um acume de real que salta por cima do convencionalismo e postiços menos escandalosos da escola romântica. São assim muitos dos figurantes das Novelas do Minho, do Sangue, da Mulher Fatal, do Amor de Perdição,etc, etc. Nem um estatuário que os houvesse moldado em bronze.
Afinal era a sua alma supliciada que tudo ia interpretando, transpostos os planos, pois que outra coisa podia ser para quem teve tão restritivo trânsito? A pintar uma face crispada pelo ricto do desespero ou a traduzir em meia dúzia de palavras de reflexão uma cena de angústia, não há segundo. A massa de sofrimento nas suas mãos torna-se a mais maleável das gredas. E todo o seu mundo dorido e insatisfeito, quer gema, chore, ameace, odeie, assassine, apaixona-nos e obriga-nos a comungar-lhe o transe, quando não é a esposar-lhe a causa.
Seria impossível que Camilo respirasse apenas a atmosfera salitrosa de inferno de que se aureolam os coribantes do seu guinhol. Algumas vezes,
não poucas, deixa o orco peculiar e entra com segura afoiteza os umbrais do paraíso. Mas que paraíso é este e que espécie de habitantes edénicos! Tudo resulta pálido ou cor de rosa, mormente se fizermos a sua comparação com as águas fortes de que é consumado mestre. Será assim porque é esse o aspecto menos comum do mundo? Talvez. A vida tem por essência a dor. A vida, no que encerra de eterno, decorre em crise e luta. Camilo possuía pois, em último grau, o génio da desgraça quanto à capacidade de dominar e traduzir o trágico que há no infortúnio, no pranto desfeito ou mesmo na adversidade. Ninguém até a data o superou em Portugal e é raro que o tenha sido as literaturas estrangeiras.
Se aquelas duas palavras são como que o mote de grande parte da sua arte, poderá também dar-se-lhe segundo sentido, reportando-as ao que chamam má sina com reveses, adversidades, incapacidade para o arranjismo. Não há dúvida que tendo em conta os passos capitais da sua existência, poderemos reconstruir uma via bem canhestra. As letras foram mesmo assim a tábua de salvação do náufrago. A par e passo que exercia a função, a vida ia-se-lhe desdobrando ingrata e tormentosa. Bem verdade que foi preciso este seu fadário para criar entre nós oficina própria. Até Camilo, a literatura era uma prenda pouco mais do que sala. Ora é precisamente com as circunstâncias que se vão desenrolando nesta como que sua subida ao calvário que é costume ilustrar a legenda de mau fado que parecia persegui-lo desde o berço.
Decerto que está fora de qualquer probabilidade científica admitir que se possa nascer debaixo de mau agouro astral ou exercer dano a distância mercê de acto de vontade ou de endrómina mágica. À escala romântica utilizava-se muito destes narizes de cera herdados dos romanos e dos feiticeiros dos tempos bárbaros. A literatura hoje pôs de parte tão ensebados cordelinhos.
Ora o grande Camilo foi daqueles em quem se concatenaram todos os concursos funestos para se lhe poder chamar um infeliz. Excepto o génio com que deu expressão à alma atormentada, e é um dos lances áureos do povo português, e que, ultrapassando, por isso mesmo, o destino individual, está fora de causa, tudo nele foi sinistro, astroso, aziago, miserando. O suicídio foi como que o selo que referendou existência assim calamitosa.""
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In BOLETIM CULTURAL, "Camilo, o Homem e o Artista"- Fundação Calouste Gulbenkian. - VII Série, Outubro de 1991.





Copiado do blogue "À Beira de Água", do meu amigo Poeta: Eduardo Aleixo




11 de novembro de 2009

Vitorino Nemésio escreve sobre Camilo



«Com uma pala na testa e um tinteiro de ferro ao lado, Camilo passa horas e horas na sua cadeira de baloiço. São-Miguel- de-Seide é Minho: são ares lavados, com boa verdura. Água não falta; nem aquela alegria que enche céu e terra, de Famalicão a Santo -Tirso. Mas onde Camilo chega há logo um dedo de desgraça que toca as coisas. No meio do milho e da luz da quinta, a casa do escritor já em 1880 tem um aspecto sombrio, com aquele obelisco postiço sagrando a visita de Castilho, as janelas da casa de jantar afogadas de trepadeiras, e a árvore de que Raul Brandão fez o espectro e o espelho da vida daquelas pessoas trágicas - Camilo e Ana Plácido - acordadas do sonho e do desespero pelos ramos que batiam nos vidros. Uma Florinha ou uma esgalha seca da «acácia do Jorge» davam-lhes com indiferença os sinais de Abril e do Inverno.

Camilo diz em 1864, nas VINTE HORAS DE LITEIRA: «o meu gabinete de trabalho, durante os meses esplêndidos do ano, é um contínuo começo de noute». Para ler ou escrever precisa das portas fechadas, além da odiosa pala verde. De maneira que a sala, enorme, afunilada ao alto por profundos tectos de maceira, com aquele lúgubre candeeiro de suspensão ao meio, tem uma densidade aflitiva. Aquele canapé Império fala-nos das visitas misteriosas de personagens expedidos há muito para os editores do Porto, e que agora voltam a Camilo com uma identidade civil -, ou aqueles que, como o cego de Landim, partem do cartão de visita para os domínios da ficção. Vêm vê-lo empalar as suas sombras, vêm provocar-lhe aquelas palavras supremas que ele precisa dizer aos sofás antes de as provar nos livros, aqueles azedumes comovidos e de repente cortados por uma diabólica gargalhada.

(...) Lá fora bem podem cantar os passarinhos, chiar o carro minhoto ou cair um rápido orvalho em cima das cerejas bicais. Ali não há alegria. Ali, é aquele canapé com aquela visita, a meia dúzia de cadeiras austríacas, o piano fechado, e, quando nem Camilo nem o estranho têm já que dizer um ao outro, a sombra de Ana Plácido que entra. A voz da visita parece uma troça quando chama «Senhora Viscondessa» àquela mulher gorda e triste, que vai por trás da poltrona de Camilo direita ao candeeiro americano preparar a torcida ao lusco-fusco.

Outras vezes não é Saint-Preux nenhum, mas algum amigo desinteressado e recente, como Freitas Fortuna, que foi padrinho daquele casamento serôdio celebrado de noite pelo Abade de Santo-Ildefonso, e que, desde os consolos da hora aziaga até ao jazigo emprestado, tudo facilitou. Outras vezes, ainda, é algum cónego letrado, como Alves Mendes ou Sena Freitas, que vem desabafar sobre Lisboa e a sua falta de vergonha e de vernáculo; ou um Tomás Ribeiro, inquieto para passar ao quintal e encher de inscrições imorredoiras a casca dos carvalhos cerquinhos que Camilo prefere para varapaus e boa sombra.

Uns e outros enchem o crepúsculo daquele homem com a rara consolação das palavras gratuitas. Agora que não há Sebenta-Bolas-e-Bulas, nem Alexandre da Conceição para dar exercício àquela violência febril, fazer o gosto ao dedo no fel do tinteiro de ferro; agora que também não há lágrimas para desatar de olhos de meninas, nem ramos de plantas secas para lhes insinuar nos livros - , que venham ao menos aqueles conhecidos e amigos puxar pela língua ao velho quase cego, tomar a temperatura ao desespero daquela casa, acabar com os bilhetinhos de afronta que ele escreve à mulher ali ao lado, num requinte de maldade e de dor.

(...) Em 1885 Camilo não pode mais. O pouco que ganha, gasta-o em andadas desesperadas, de Seide ao Bom-Jesus, de Seide ao Porto, do Porto à Póvoa, a ver se se livra daquele demónio que o possui, misto de frenesim e de remorso, cólera sem nome que ele aplaca palpando o estoque da bengala, ou a coronha do revólver hull-dog debaixo do travesseiro. Lívida, Ana Plácido carrega o revólver de cápsulas inofensivas. Mas o estratagema falhou. Camilo é mestre em fecharias de clavinas e balas de todos os calibres. Faz pontaria ao tecto. Nem um chamusco...Percebe tudo. Saberá procurar a carga na hora própria.

Entretanto, têm pena dele. Os ódios mais grados passaram; a pedra de escândalo do rapto estava sossegada, numa espécie de lodo quente. Já se podia fazer da ex-mulher do brasileiro uma viscondessa constitucional. Quando Barjona levou o decreto à assinatura do Rei, talvez D. Luís se lembrasse que seu irmão visitara um dia um preso, que o arquivo das cadeias da Relação do Porto registava «de estatura regular, rosto comprido, trigueiro, bexigoso».

Agora, em 1885, vinte e cinco anos depois, em «testemunho da minha real consideração e do apreço em que tenho o seu distinto merecimento literário», lá o fazia visconde... As Cortes perdoaram-lhe os direitos de mercê. Essas, faziam-no em «testemunho de preito nacional pelo formosíssimo talento do brilhante escritor».Só uma voz se ergueu contra. O sr. Simões Ferreira entendia que a Câmara dos Deputados não fora feita para «dar distinções aos homens» que « não tenham concorrido para melhorar o estado moral e intelectual da sociedade», - e, a seu ver, Camilo estava abaixo da craveira.

(...)Depois, é o que se sabe: cegueira irrevogável e aquele desespero horrível, enquanto a pobre senhora acompanhava à escada o último especialista que o viera desenganar.

(...)Uma coroa de túlipas «em fundo de violetas de bosque e folhagem», com fitas roxas estreitas, e pretas de moiré largas (se O Comércio do Porto não mente), dizia só isto: PROFUNDA SAUDADE A SEU ESTREMECIDO AVÔ -CAMILO E CAMILA.
Que mais era preciso para Deus lhe perdoar?»

Vitorino Nemésio, in de " Camilo, in Ondas Médias", Ed. Bertrand, s.d., (1945).


Copiado do blogue "À Beira de Água", do meu amigo Eduardo Aleixo:


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Casa de Camilo - Noites de Insónia

«As “Noites de Insónia” têm como finalidade a descoberta de formas diferentes de aproximação aos textos camilianos, através da discussão em grupo de determinadas obras, escolhidas previamente. Do gosto pela leitura e da conversa sobre o que se lê, da troca de opiniões, de pontos de vista, de associações, procuraremos criar cumplicidades e desenvolver o gosto por uma leitura mais activa e partilhada da obra do romancista de Seide.» http://camilocastelobranco.org/index2.php?co=569&tp=6&cop=260&LG=0&mop=604&it=evento_lst Coordenadores: 2009 - Professor Cândido Oliveira Martins - Universidade Católica de Braga 2010 - Professor Sérgio Guimarães de Sousa - Universidade do Minho 2011 - Prof. João Paulo Braga

Encontros 2012 - Professor Sérgio

15 Fevereiro - "Memórias do Cárcere" - Discurso Preliminar
7 Março - "Memórias do Cárcere" - Do I capítulo ao V

Encontros 2011 - Professor Paulo

2011 "A Viúva do Enforcado" - 16 de Novembro - 21:30 "A Filha do Arcediago" - 19 de Outubro - 21:30 "As Aventuras de Basílio Enxertado" - 21 de Setembro - 21:30 "Maria Moisés" - 9 de Julho - 21:30 "O Cego de Landim" - 15 de Junho - 21:30 "O Retrato de Ricardina" - 4 de Maio - 21:30 "A Corja" - 6 de Abril - 21:30 "Eusébio Macário" - 9 de Março - 21:30 "A Sereia" - 9 de Fevereiro - 21:30

Encontros 2010 - Professor Sérgio

"Memórias de um suicida" - 30 de Novembro - 20h "O que fazem Mulheres" - 6 de Outubro - 21:30h "O Amor de Perdição" - 16 Junho - 20h "O Senhor do Paço de Ninães" - 21 Abril - 21h30 "Anátema" - 24 Março - 21h30 "A Bruxa de Monte Córdova" - 24 Fevereiro - 21h30 "A Queda dum Anjo" - 20 Janeiro - 21h30

Encontros 2009 - Professor Cândido

"Estrelas Propícias" - 11 Novembro - 20h "A Brasileira de Prazins" - 21 Outubro - 21h00 "Novelas do Minho" - 16 Setembro - 21h30 "Coração, Cabeça e Estômago" - 17 Junho - 21h30 "Vinte horas de Liteira" - 22 Maio - 21h30 "Memórias do Cárcere" - 30 Abril - 21h30