Casa de Camilo

Camilo Castelo Branco

Camilo Castelo Branco
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Seide Saúda-vos!

16 de março de 2011

MARIAS DA FONTE


(Páginas de 20 a 22)

Sobre a personalidade única, singular e distincta de Maria da Fonte entre as mulheres amotinadas no concelho de Vieira, o depoimento do snr. padre Casimiro deve ser o primeiro n'este processo de investigação.

Refere o minucioso historiador que um sapateiro de Simães, da freguezia de Fonte Arcada, o avisara de que lhe maquinavam a morte; e, na mesma occasião, se mostrara receoso de que lhe matassem sua irman Maria Angelina, a quem chamavam Maria da Fonte, e fora processada e pronunciada nos tumultos da Povoa de Lanhoso.
Perguntou-lhe padre Casimiro o que fizera ella para ganhar tal nome. — Nada, respondeu lo sapateiro; apenas acompanhara as outras mulheres que arrombaram a cadeia da Povoa para soltar as prezas que primeiramente se levantaram contra a Junta de Saúde. Insistiu o padre emquerer saber a causa por que a distinguiam das outras. Explicou o artista que Maria Angelina se estremava das mais por estar vestida de vermelho ; e, por isso, o empregado, que fizera a lista das amotinadas, a pozéra na cabeça do rol, com tal nome, por não lh'o querer dizer alguém que elle interrogara.
Perguntou o padre Casimiro se havia alguma fonte á beira da casa de Maria. Que não. Chamavam-lhe da Fonte por ser da freguezia de Fonte Arcada. O interrogador ficou satisfeito, acreditou e felicitou o sapateiro por sua irman ter conseguido nomeada tão distincta.
E, passados mezes, indo vêr a Maria da Fonte, encontrou uma mulher trigueira, de estatura mediana, desembaraçada, robusta, entre vinte e trinta annos.
D'ahi a pouco, terminada a revolução promovida pelos setembristas, uma doceira de Valbom, nas visinhanças de Lanhoso, andava pelas feiras e romarias inculcando-se a Maria da Fonte.
Padre Casimiro, estranhando naturalmente o duplicado, pediu informações ao abbade de S. Gens de Calvos, parocho e visinho da doceira. O abbade confirmou ser ella a celebre Maria da Fonte.
Não obstante, o nosso auctor, sem apoucar os serviços da doceira — pelo contrario, os encarece — entende que a verdadeira é a de Simães, por ser de Fonte Arcada, e não a outra, visto que o nome lhe não foi dado por ter prestado maiores serviços, aliás de direito lhe pertenceria.
Acrescenta o monographo da revolução de 46 que Maria Angelina ou da Fronte, morrera, anos depois, em Villa Nova de Famalicão ou por ali perto.
Quanto ao óbito de Maria Angelina foi o snr. padre Casimiro incorrectamente informado. É certo ter vivido e morrido em Famalicão uma endiabrada mulher, volteira e espancadora a quem chamaram Maria da Fonte por analogia de bravura com a façanhosa revolucionaria do Alto Minho.

Em differentes terras do paiz se chamaram antonomasticamente Marias da Fonte as mulheres valentes e decididas.

Camilo Castelo Branco
Maria da Fonte; a proposito dos Apontamentos para a historia da revolução do Minho em 1846, publicados recentemente pelo reverendo padre Casimiro, celebrado chefe da insurreição popular (1901)

Pode ler "online":  http://www.archive.org/stream/mariadafonteprop00castuoft#page/n5/mode/2up

4 de março de 2011

Ana, a Lúcida



Ana, a Lúcida: Biografia de Ana Plácido, a Mulher Fatal de Camilo

Autor: Maria Amélia Campos

Editora: Parceria A.m. Pereira

Categoria: Literatura Estrangeira / Biografias e Memórias

“Num relato vibrante e arrebatador, os episódios romanescos da vida de Ana Plácido vão passando perante o olhar atónito do leitor: os sonhos de menina, o casamento precoce e contrariado, o jogo de olhares com Camilo no Baile da Assembleia do Porto, o amor clandestino. A intensidade do drama adensa-se com o escândalo do adultério, a expulsão de casa, os enxovalhos e a maledicência, a humilhação da clausura forçada, para atingir o clímax com a prisão dos amantes na Cadeia da Relação do Porto. Depois da libertação, segue-se o esfriamento da relação entre os amantes, as dificuldades económicas que marcaram uma vida errante e um amor intermitente, e a vida conjugal e familiar com Camilo até à sua morte (1890). A pontuar todas as etapas da vida de Ana Plácido, Amélia Campos assinala a presença constante do seu amor pela literatura e a aspiração a uma idealidade indefinida de contornos românticos. Impõe-se a faceta, até agora descurada, de Ana Plácido enquanto jornalista produtiva e independente, colaboradora profissional de Camilo Castelo Branco. Sublinha-se a sua faceta, até agora esquecida, de tradutora e escritora inspirada, detentora dessa capacidade de sentir e de escrever o sentimento dramático da vida, pese embora as aspirações criadoras que, ainda assim, ficaram por cumprir em toda a sua plenitude. Enfatiza-se ainda a sua face de mulher de negócios, rendeira, bastião da casa de família. Ao longo da biografia, como pano de fundo dos enredos desta alma inquieta, emerge o panorama de uma sociedade estupefacta perante a desfaçatez, a ousadia e a determinação desta mulher, numa época em que a reserva, a submissão e a modéstia delimitavam com rigidez o universo feminino. “

Fonte: http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/2866765/ana-a-lucida-biografia-de-ana-plcido-a-mulher-fatal-de-camilo
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Casa de Camilo - Noites de Insónia

«As “Noites de Insónia” têm como finalidade a descoberta de formas diferentes de aproximação aos textos camilianos, através da discussão em grupo de determinadas obras, escolhidas previamente. Do gosto pela leitura e da conversa sobre o que se lê, da troca de opiniões, de pontos de vista, de associações, procuraremos criar cumplicidades e desenvolver o gosto por uma leitura mais activa e partilhada da obra do romancista de Seide.» http://camilocastelobranco.org/index2.php?co=569&tp=6&cop=260&LG=0&mop=604&it=evento_lst Coordenadores: 2009 - Professor Cândido Oliveira Martins - Universidade Católica de Braga 2010 - Professor Sérgio Guimarães de Sousa - Universidade do Minho 2011 - Prof. João Paulo Braga

Encontros 2012 - Professor Sérgio

15 Fevereiro - "Memórias do Cárcere" - Discurso Preliminar
7 Março - "Memórias do Cárcere" - Do I capítulo ao V

Encontros 2011 - Professor Paulo

2011 "A Viúva do Enforcado" - 16 de Novembro - 21:30 "A Filha do Arcediago" - 19 de Outubro - 21:30 "As Aventuras de Basílio Enxertado" - 21 de Setembro - 21:30 "Maria Moisés" - 9 de Julho - 21:30 "O Cego de Landim" - 15 de Junho - 21:30 "O Retrato de Ricardina" - 4 de Maio - 21:30 "A Corja" - 6 de Abril - 21:30 "Eusébio Macário" - 9 de Março - 21:30 "A Sereia" - 9 de Fevereiro - 21:30

Encontros 2010 - Professor Sérgio

"Memórias de um suicida" - 30 de Novembro - 20h "O que fazem Mulheres" - 6 de Outubro - 21:30h "O Amor de Perdição" - 16 Junho - 20h "O Senhor do Paço de Ninães" - 21 Abril - 21h30 "Anátema" - 24 Março - 21h30 "A Bruxa de Monte Córdova" - 24 Fevereiro - 21h30 "A Queda dum Anjo" - 20 Janeiro - 21h30

Encontros 2009 - Professor Cândido

"Estrelas Propícias" - 11 Novembro - 20h "A Brasileira de Prazins" - 21 Outubro - 21h00 "Novelas do Minho" - 16 Setembro - 21h30 "Coração, Cabeça e Estômago" - 17 Junho - 21h30 "Vinte horas de Liteira" - 22 Maio - 21h30 "Memórias do Cárcere" - 30 Abril - 21h30